Chega de lágrimas

O que não te mata te torna mais forte. E mais gostosa. Foi o que Ariana Grande provou em seu novo álbum, “Sweetener”, lançado nesta sexta-feira.

brille
2 min readAug 17, 2018

Foram poucas e boas para a nossa coelhinha no intervalo de pouco mais de dois anos entre “Dangerous Woman” e “Sweetener”, incluindo até mesmo um atentado terrorista reivindicado pelo autoproclamado Estado Islâmico do Iraque e do Levante durante um show em Manchester. Entretanto, a cantora de vinte e cinco anos conseguiu retornar triunfante: o recado é muito bem dado por “raindrops (an angel cried)”, intro arrepiante de seu quarto álbum de estúdio.

Nesta nova etapa, além de manter seu ar sedutor em faixas como “blazed”, parceria com Pharrell Williams, e em “r.e.m.”, Ariana também se mostra muito consciente de sua força. Três hinos de empoderamento retratam o atual mindset da cantora: “god is a woman”, “successful” e, principalmente, “no tears left to cry”.

No entanto, apesar da autoconfiança turbinada, a canceriana tem uma recaída romântica em “everytime” e nos revela uma faceta viciada em relacionamentos doentios. “pete davidson”, que leva o nome do novo namorado da cantora –– mais conhecido pelo rebuliço em torno do tamanho de seu órgão genital –– também coloca em cheque seu empoderamento. Mas quem nunca se viu em situação de dependência de uma piroca? Ariana merece reconhecimento pela coragem de mostrar seu lado mulher que ama demais.

Algumas faixas são irrelevantes ou dispensáveis, como é o caso de “the light is coming”, com Nicki Minaj, que chega a causar mal estar com suas intensas repetições e influências 8-bit, mas estes baixos não causam prejuízo à excepcional experiência musical que é “Sweetener”. A artista ainda fecha o álbum de maneira emocionante com a faixa “get well soon”, que presta homenagem às vítimas do atentado de Manchester com quarenta segundos de silêncio.

“Sweetener” é um divisor de águas que desassocia Ariana Grande de sua imagem de garota sonsa e a estabelece como uma notória gostosa. E, é claro, o álbum também garante a presença da artista entre os principais ícones da música pop da década.

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